Por Rafaela Sais, diretora colegiada do SEMAPI
O título deste artigo, além de uma verdade incontestável, tem sido o slogan de uma campanha desenvolvida por SEMAPI e AESR que busca debater a importância de extensionistas sociais na execução da política de ATERS desenvolvida pela EMATER/RS-ASCAR. Esse debate levanta questões imprescindíveis para a qualificação do trabalho de extensão rural social, como a política de valorização deste profissional adotada pela Instituição, a forma como os serviços de ATERS vêm sendo prestados, e ainda as interfaces da política de ATERS com a de assistência social.
No que se refere à política de valorização da(o) extensionista social, observa-se grande angústia e desmotivação na categoria. Isso decorre da falta de perspectivas de crescimento na carreira, da perda de espaço nas estruturas institucionais e da excessiva carga de trabalho. São profissionais que, na maioria, se qualificaram com recursos próprios, dedicando tempo da vida privada para se especializar e, ainda assim, não visualizam meios e processos legítimos que oportunizem avanços e crescimento.
Sobre a forma como os serviços vêm sendo prestados, evidencia-se o flagrante encolhimento da atuação Institucional no Estado. Isso acontece, principalmente, pela omissão do governo gaúcho que, ano após ano, vem se eximindo em cumprir a lei 14.245/13, que instituiu a Política Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social no Estado do Rio Grande do Sul (PEATERS) e o Programa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social do Rio Grande do Sul (PROATERS). Esta ausência estatal deixa uma lacuna na estrutura e nega o financiamento – alicerce da política pública no Estado. Somado a isso, há a ausência de diretrizes institucionais claras de atuação – e essa combinação de fatores acaba ocasionando a fragilização e comprometendo, sobretudo, a atuação da(o) técnica(o) social.
Por sua vez, a interface da política de ATERS com a de assistência social, em especial no que está relacionado à atuação socioassistencial (crucial para a sobrevivência da Instituição), vem marcada por muitos equívocos. Nessa perspectiva, a repetição do senso comum e de narrativas persistentes do tipo “tudo é social e tudo é socioassistencial” ou “o social na ATERS qualquer profissional faz e dá conta”, enfraquecem a atuação socioassistencial tanto Institucional quanto individual da(o) profissional. Portanto, consolidar os entendimentos das legislações que regem esses temas e conectar, cada vez mais, a ATERS com a assistência social se demonstra imprescindível.
Em suma, a importância da(o) extensionista social na execução de programas, projetos e ações de políticas públicas para o meio rural exige a adoção de medidas concretas de valorização da carreira, uma análise crítica da prestação dos serviços e uma abordagem cuidadosa e responsável para atender os preceitos normativos por parte da ASCAR enquanto detentora de certificação socioassistencial (CEBAS). Não é mais possível manter no discurso a ideia de que extensionista social é fundamental: a ação se torna imperativa para que se consiga ressignificar e fortalecer a atuação da EMATER/RS-ASCAR. Este reconhecimento será reivindicado com cada vez mais veemência pelas entidades representativas da categoria, que seguem vigilantes e ativas nesta luta.