A data-base 2024 e o poder negocial do SEMAPI
Por Rafaela Sais, diretora colegiada do SEMAPI
Com a expressiva participação da categoria, encerramos de forma exitosa a data-base 2024 nos últimos dias de outubro. O resultado, no entanto, só foi possível pelo caráter resiliente e pelo poder de negociação do SEMAPI, que pressionou o governo – como vem fazendo nos últimos anos.
Mais uma vez, o governo do Estado colocou em prática sua forma tradicionalmente desrespeitosa de atuar junto a trabalhadores e trabalhadoras que prestam serviços essenciais ao povo gaúcho. Além de iniciar tardiamente a negociação, apresentou uma proposta com ZERO de reposição e negou-se a discutir qualquer cláusula social, escondendo-se atrás de um discurso alicerçado em uma justificativa baseada na situação financeira “trágica” do Estado.
O Sindicato, mantendo sua tradição de negociador, negou veementemente a proposta, insistindo no agendamento de novas mesas de negociação, conseguindo a prorrogação dos Acordos Coletivos de Trabalho e tensionando o governo a revisar e melhorar os termos de proposta para a data-base, para que ficassem num patamar minimamente aceitável.
Sob esta forte pressão – maximizada pela calculadora de perdas disponibilizada pelo SEMAPI e que possibilitou à categoria calcular e entender o quanto o índice de 3,33% representava em seus ganhos –, foi possível demonstrar o insulto que representava governo manter uma proposta com ZERO de reposição. Somado a isso, o uso da divulgação dos indicadores econômicos da Secretaria da Fazenda, que demonstraram significativa recuperação econômica e saldo positivo nas contas no segundo quadrimestre do ano, o Sindicato desbancou o discurso inicial do governo – insustentável e injustificável. Outro argumento imbatível foi baseado na assessoria prestada pelo DIEESE, que demonstrou como o indicador da Despesa Total de Pessoal em relação à Receita Corrente Líquida para o segundo quadrimestre de 2024 ficou dois pontos percentuais abaixo do famoso limite prudencial e quase cinco pontos abaixo do limite máximo.
Com todas essas evidências, além da pressão do Sindicato, o governo não teve outra alterativa a não ser melhorar a proposta, porém, ainda com prazos inaceitáveis. Do pagamento apenas em novembro de 2026, passando para 1º de abril de 2026 – estaria aqui uma alusão ao que pensa o executivo sobre a categoria? –, o SEMAPI seguiu batalhando para chegar ao formato aprovado, com os 3,33% sendo pagos em novembro de 2025, e em janeiro de 2025 nos vales.
O resultado só foi possível porque o Sindicato NÃO ACEITA perda de direitos e é referendado pela categoria para defender seus interesses. Isso nos fortalece e permite que enfrentemos o desrespeito do governo com força e autoridade. Seguimos resistentes na luta!