Os desafios da luta por direitos em meio à catástrofe climática
Por Paulo Roberto Rocha, diretor colegiado do SEMAPI
Os últimos 12 meses foram marcados por eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul. De setembro de 2023 até agora, ao menos três enchentes de grandes proporções atingiram o Estado, causando perdas não apenas de vidas, como também de materiais a toda a população. Neste cenário, a luta por direitos para trabalhadores e trabalhadoras do setor privado precisou ser intensificada.
Durante a data-base 2024, o SEMAPI, que representa cerca de 130 mil trabalhadores e trabalhadoras que atuam em empresas privadas, encontrou resistência dos sindicatos patronais para garantir determinados direitos. Como argumento, invariavelmente foi utilizado o impacto das enchentes – em especial, a de maio – nas contas das companhias. Em vez de esmaecer, o Sindicato se mostrou ainda mais resiliente na negociação, em busca de garantir o conquistado anteriormente e de avançar nas discussões.
Apesar de reconhecer o impacto da calamidade pública na economia, o SEMAPI em momento algum perdeu o foco de seu trabalho: preservar os direitos da categoria. Com isto, nas diversas reuniões de negociação, sempre se apresentou combativo. O resultado é digno de comemoração: conseguimos não apenas a manutenção e a renovação de todas cláusulas sociais, como também a reposição na íntegra das perdas (INPC), além de ganho real em parte das negociações.
É fundamental lembrar que as negociações são feitas com pelo menos cinco sindicatos patronais diferentes, o que aumenta a responsabilidade em garantir conquistas específicas de cada base. Além disso, a obtenção da integralidade dos índices de inflação em um momento em que a grande maioria das categorias não o está recebendo é uma vitória significativa.
Esta é a gênese do SEMAPI, que há mais de 35 anos se coloca não apenas como um aliado da luta por reajuste salarial, como busca conquistar para todos e todas melhores condições de desempenhar suas funções laborais e de receber direitos mais amplos, mas nem por isso menos importantes. Reconhecemos e repetimos – e contamos com a categoria para nos apoiar neste coro – que NOSSO TRABALHO TEM VALOR!