FPE: má gestão vem minando a potência do trabalho da entidade

Por SEMAPI Sindicato

Completando 21 anos de existência em 2023, A Fundação de Proteção Especial (FPE) foi criada para garantir e executar a medida de proteção de acolhimento institucional, no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, em caráter complementar aos municípios, realizando o acolhimento de forma não seletiva, de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e oferecendo cuidado e proteção em espaço de desenvolvimento para crianças e adolescentes afastados dos cuidados familiares – de forma excepcional e provisória – em razão de situação de vulnerabilidade e riscos sociais: abandono, abusos, maus tratos, negligência e/ou violências. Apesar da missão essencial à sociedade que cumpre e da potência de seu quadro qualificado, o que se vê hoje é uma instituição fragilizada pela impossibilidade mesma de realizar aquilo que é sua característica principal: o acolhimento – neste caso, para o corpo funcional. Afinal, quem cuida de quem cuida?

No último ano, a quantidade de colegas que pediu desligamento do quadro da Fundação cresceu 340% em relação a 2019, índice que evidencia a imperícia da gestão de recursos humanos na instituição. A falta de entendimento sobre a missão e o objetivo institucional da FPE, e a desarticulação com a política da assistência, resultam numa falta de diretriz institucional e em retrocessos no trabalho. “Ao invés do olhar atento e do cuidado com quem cuida, que era de se esperar de uma instituição que se presta justamente ao acolhimento, o que vemos é desconfiança no servidor, a perseguição, o discurso de que o ‘funcionário público não quer trabalhar’”, comenta ex-colega da Fundação. Ela ressalta que a falta de critérios e de transparência no gerenciamento de recursos humanos e inexistência de uma política institucional de gestão de pessoas inviabilizam a motivação para o trabalho, enquanto a falta de conhecimento dos gestores leva à deslegitimação do trabalho técnico e falta de qualificação acerca da política da assistência, em diferentes níveis. “Infelizmente, quando se faz tais tensionamentos nos espaços pertinentes, a gestão se mostra despreparada, sem qualquer planejamento e por vezes mesmo conhecimento acerca do acolhimento institucional. É uma instituição onde temos que lutar para trabalhar”, conclui.

O SEMAPI tem feito reiteradas tentativas de estabelecer um diálogo aberto e produtivo, tanto com a presidência da FPE quanto com a Secretaria de Assistência Social, para que se avance na gestão de recursos humanos, estabelecendo um ambiente saudável de atuação e garantindo a permanência de trabalhadores e trabalhadoras tão qualificados. Vida longa e potente à FPE!

 

Imagem: Divulgação | Governo do Estado / FPE