Consciência Negra: um movimento de desobediência política
Por Diretoria Colegiada SEMAPI
Estamos no mês de novembro que, no Brasil, tem significado muito especial para a comunidade negra: comemoramos o Dia Nacional de Zumbi e o da Consciência Negra em 20 de novembro (Lei Federal nº 12.519/2011). Zumbi foi a maior liderança negra na luta contra a escravidão; foi no Quilombo dos Palmares que ele se constituiu como o maior símbolo da luta antirracista em nosso país. Problematizar esta data possibilita a reflexão coletiva e a desobediência política.
A desigualdade e a marginalização de certos corpos e identidades têm cor neste país: elas são predominantemente pretas. Ainda, a linguagem é transporte de violência, por isso é tão importante criar novos formatos e narrativas de comunicação. O processo de ressignificar terminologias e desconstruir uma visão eurocêntrica do idioma é também lutar pela descolonização, exaltando a cultura negra.
Conforme o índice GINI – indicador que reflete a distância da renda dos mais ricos comparada com a renda dos mais pobres –, o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Tal contexto é reflexo das relações de trabalho construídas a partir de um processo econômico baseado na exploração das pessoas como mão-de-obra escravizada que, mesmo após a abolição da escravatura, em 1888, continua reproduzindo um modelo colonizador de exclusão, miséria, fome e encarceramento da população negra, por meio de mecanismos estruturais e institucionais reprodutores do racismo.
No campo das relações de trabalho, é de fácil análise verificar que os postos ocupados pela população de negra são, na maioria das vezes, postos de subalternidade, de baixa remuneração, aliada a péssimas condições de trabalho. Assim, cabe aos sindicatos que representam a classe trabalhadora não somente a luta a partir da perspectiva de classe, como também por outros marcadores sociais de raça e de gênero (visto que a mulher negra está base da pirâmide social no nosso país).
Neste contexto, é fundamental reflexão e ação permanente. Toda sociedade deve se ater para que também a população que se autointitula branca compreenda o privilégio branco e se torne, no exercício do cotidiano, antirracista.
A construção de uma sociedade mais justa passa pela de uma classe trabalhadora consciente e que aja na pauta antirracista, sabendo interpretar o racismo como ponto nevrálgico na luta pelo fim das desigualdades sociais, que tanto prejudicam o desenvolvimento social da nação.