Esperança e mobilização na busca por valorização na EMATER/RS-ASCAR

Por Imprensa SEMAPI

Por Rafaela Sais, diretora colegiada SEMAPI

 

No último dia 1º de novembro, cerca de 500 trabalhadores (as) das fundações estaduais, da EMATER/RS-ASCAR e da UERGS se reuniram na Ponte de Pedra,  em Porto Alegre, para manifestar descontentamento com a proposta do governo de reajuste ZERO, no que se demonstra uma das mais duras negociações já feitas nos últimos tempos. Além do calote explícito na proposta patronal, o governo reitera posição autoritária que nega o diálogo e renega os princípios básicos da formatação negocial para acordos coletivos de trabalho.

Em meio a bandeiras, faixas e palavras de ordem proferidas pelos participantes, havia um grupo que também expressava sua esperança em forma de música; eram trabalhadores(as) da EMATER/RS-ASCAR, muitos dos quais vindos de diversas regiões do interior do Estado, viajando horas, percorrendo vários quilômetros na esperança de que, nessa demonstração de união, seja possível sensibilizar o governo e obter avanços na negociação em curso.

Poucos dias antes do ato, a Diretoria/Superintendência Executiva da EMATER/RS-ASCAR fez um comunicado público e amplo ao corpo funcional, anunciando que, devido à relevância emotiva da data que homenageia “finados” e considerando a dedicação e empenho de seus(as) empregados(as), iria conceder um feriado prolongado como espécie de prêmio aos serviços prestados. No entanto, no dia 31 de outubro, sem a mesma divulgação e amplitude, a mesma Diretoria/Superintendência publicou uma resolução executiva alterando o Plano de Cargos e Salários da Instituição e revogando em definitivo as gratificações por tempo de serviço. Ironicamente, poderíamos dizer que o prêmio foi resumido em “aqui jaz progressão na carreira e a valorização profissional”.

Cabe lembrar que a mesma austeridade aplicada aos trabalhadores(as) que ingressaram na entidade via processo seletivo público não se aplica ao todo da Instituição, haja visto que em nenhum momento, mesmo alegando problemas financeiros, governo do Estado e gestão da entidade estancaram a contratação de CCs – cujos salários iniciais jamais serão alcançados por trabalhadores(as) de carreira.

Colegas da ASCAR vêm progressivamente sofrendo com a desvalorização da Instituição e de suas funções por parte do governo e da gestão da entidade. São trabalhadores(as) que há muito tempo atuam sob forte pressão e com sobrecarga de trabalho, e que vieram a Porto Alegre também na esperança de conseguir reverter o anunciado corte da computação de tempo de trabalho para recebimento dos avanços temporais, o que impossibilita qualquer progressão na carreira.

Há muito tempo que se percebe o descaso com a execução da ATERS pública no Rio Grande do Sul. Há alguns anos, convivemos com a redução gradativa e significativa de orçamento, pouquíssimo investimento nas estruturas técnicas, administrativas e de comunicação e, sobretudo, com a redução de recursos humanos e a desvalorização profissional. A precarização está escancarada e nos resta também pensar sobre o que está posto e questionar: a que interesses essa situação serve? Quais disputas estão sendo feitas e a quem seus efeitos irá beneficiar? Estamos vivendo o fim dos serviços públicos de ATERS no RS?

Não iremos esmorecer! Nossa união foi demarcada não apenas no ato do dia 1º de novembro, como também na assembleia geral unificada, que reuniu todos os sindicatos representativos das categorias de trabalhadores e trabalhadoras da EMATER/RS-ASCAR e demonstrou o quanto estamos afinados(as) na luta por direitos.

Seguiremos fortes e cada vez mais unidos, assim como cantarolaram os(as) trabalhadores(as) nos arredores do CAFF: ”nós vamos prosseguir, companheiro! Medo não há, no rumo certo da estrada unidos vamos crescer e andar”, versos da música Semeadura, de Vitor Ramil e José Fogaça. Vamos juntos na luta, intensificando o movimento até garantirmos nossos direitos. Nosso trabalho tem valor!