Política, falta de gestão e os desafios do trabalho na FASE
Por Edgar Sperrhake, diretor colegiado do SEMAPI
Os últimos acontecimentos ocorridos na FASE, como o desabamento do teto da sala dos agentes no CSE e as árvores que caíram na frente do IPC, são uma perfeita alegoria de como está a nossa fundação. Subvalorizada há muitos anos – mais ainda nos dois últimos governos –, a FASE, hoje, parece ter nenhuma importância para o Governo do Estado.
Ao contrário, além da desvalorização da nossa carreira como servidores, como ao menos QUATRO anos sem REAJUSTE, promoções atrasadas e retirada de alguns dos poucos direitos que ainda tínhamos – leia-se as vantagens temporais e a FEM –, trabalhadores e trabalhadoras ainda têm que conviver com a desvalorização da nossa profissão mediante uma administração caótica por parte do Estado.
As nomeações para os cargos principais da Fundação (Presidencia e Diretorias) nunca foram tão baseadas em critérios exclusivamente políticos. Apesar das boas intenções de alguns dos nomeados, nenhuma dessas pessoas possui conhecimento prévio sobre a política de atendimento implementada pela FASE.
Tal quadro se repete nas direções das unidades; nunca o SEMAPI recebeu tantas reclamações de inadequação por parte das direções. Muitas vezes nos últimos cinco anos, quando reportamos à gestão, a resposta é que tanto as sugestões dos nomes quanto os critérios não passam pela Fundação, consequentemente, tais nomeações são feitas sem nenhum compromisso com a socioeducação.
Tudo isso se transformou em caldo para um dos piores períodos da história da FASE. Mesmo com uma população reduzida, motins e tumultos passaram a se tornar rotina dentro da instituição, assim como agressões a trabalhadores e trabalhadoras – muitas das quais nem chegam a ser divulgadas por pressão interna.
Esse caos administrativo traz insegurança à categoria. A falta de conhecimento das direções das unidades, somada à ausência de uma política de capacitação permanente – que, apesar de ter melhorado nos últimos tempos, sofre com atrasos de mais de uma década –, resulta em uma total falta de empoderamento por parte de trabalhadores e trabalhadoras para realizar seu trabalho no dia a dia. Claramente, falta orientação por parte da gestão do que é a função de um agente versus o que seria um abuso, fazendo com que todos tenham medo de exercer sua atividade e tornando a rotina do trabalho insuportável e perigosa.
Precisamos urgentemente que mudanças profundas aconteçam, que trabalhadores e trabalhadoras recebam cada vez mais capacitação para exercer uma atividade dentro dos padrões do ECA e do SINASE, E QUE A GESTÃO tenha segurança para exercer a função que lhe cabe, que é de garantir o cumprimento das medidas de internação e semiliberdade na Fundação, com gestores qualificados. Esta luta, que não deveria ser APENAS DO SINDICATO, é o que irá garantir a sua segurança para exercer a sua atividade de maneira integral e entregar a verdadeira ressocialização dos adolescentes atendidos.